QUANDO O VERSO PEDE O POETA
Alcindo Neckel
Um gris de tarde perpassa
as planuras do horizonte
... a
inspiração já escassa
lhe visita novamente!
... desperta
o velho poeta
pra rabiscar mil metáforas
a escrever suas quimeras
como se fosse um profeta.
No uso da garatuja
a descrição da musa
ao vestido que usa...
recato, sem injúrias!
... escondendo
por atitude
no submundo dos medos
inconfidentes segredos
versejados na quietude.
Seu verso foi atemporal...
Entre épicas peleias
sobre gritos e poeiras
numa escrita casual.
... vinha
redigindo atoa
por cenários idealistas,
cercas de pedra, lagoas,
de epopeias proscritas.
O verso já foi escuridão
vinha triste pelas linhas
trazendo dores que tinha
num papel, sem intenção!
... trazia
diabos malucos
assoprando temas atuais
a mão que treme demais
foi escrevendo aos poucos.
Ah... meros
garranchos
feitos pra tantos anjos
pra se tornarem arranjos
cantados na voz dos ranchos.
E os versos recitados
intensificaram paixões
nas secretas intenções
de casais apaixonados.
E as rimas insistentes
ainda visitam suas penas...
Enquanto, outras centenas
se fazem mui ausentes...
- A rima lhe é prudente...
Pois, vem quando quer
desfolhando a mera sorte
nas flores do malmequer.
Já, quando o tema se alinha
no pensamento insistente
a mão é brasa ardente
nos traços de cada linha.
O poeta pede o verso
nas horas de solidão
pra lhe fazer companhia
a cada novo refrão.
Mas, o verso abandonado
se dilui na inspiração
e o poeta fica esperando
uma eterna redenção!
Por isso, caro vate,
a rima dos infelizes
sempre busca o arremate
entre seus vagos matizes.
A poesia por aparência
nunca demonstra ressabio,
onde o poeta é um sábio
na sua própria cadência.
O verso escolhe o poeta
nos detalhes sem vaidade
quando tem sinceridade
pra cada nova seresta.
E a rima vêm
“despacia”
na sua escrita segura
desnudando a ternura
em versos de paciência.
Quando a rima é afoita
desconsidera cada ponto
e o verso já nasce pronto
pra se mostrar por oferta.
É sempre assim, poeta...
O mundo faz suas voltas
e a rima vem de volta
pelos traços da caneta.
... a
inspiração é remota
e nem sempre aparecerá!
Mas, ninguém saberá
quando o verso pede o poeta!!!