DESASSOSSEGOS DE UMA NOITE SOTURNA.
Adriano Medeiros
A
noite chegou de manso
E
a lua a repontar lembranças...
Nas
estrelas lá do infinito,
Parece
que vejo
A
luz nos olhos dela.
A
penumbra,
Emponchada
de silêncio;
E
os grilos faceiros
Na
porta do galpão,
Insistem
no cricrilar...
Os
pirilampos no campo largo,
São
luzes cadentes...
O
quero-quero sentinela,
Já
cansado da vigília,
Aninhou-se
no “catre”
Quietito no más.
Um
fogo de chão,
Partido em “astilha”,
Aquece meu corpo.
Mas,
a alma
Fria
busca acalanto
No
compasso do coração...
-
Que triste ironia –
A
noite cheia de lume
A
implorar um canto;
Eu
carente de luz
Mudo
na solidão.
A
alforria da tristeza
Demora
a chegar.
As
carícias e juras
Daquela
noite outonal,
Hoje,
são apenas recuerdos...
O
pensamento viaja
Nas
asas do vento
E
pousa singelo,
Sobre
a quincha
Da
saudade.
Insone,
Queria
velar teu sono
Pelas
madrugadas “anchas” ...
Soçobrar
em teus lábios,
Sentir
o gosto das auroras.
A
boeira é o luzeiro
Indicando
o rumo
Que
a levou longe de mim.
Aqui,
neste “quarto de ronda”,
Faço
reculuta
Para
o albor das horas...
Quando
me dei por conta,
Alvorece...
E
não vieste.
Tomo
o último mate
Quando
o sol
Descortina
lonjuras...
Sozinho,
Nas
barras do abandono.
O
orvalho da manhã parece
Uma
lágrima sentida,
No
fio do alambrado.
Meu
peito “repartido”
Como
taipa de açude,
Espera
tuas mãos
No
ritual do amargo.
Lembro do
afago
E
tudo parava
No
espaço de um tempo.
Quem
me dera,
Se
o teu sorriso
Viesse
singrando
Por
estes campos sem fim...
Uma
cordeona
Com
belos acordes
E
um sabiá cantor,
Seriam
meus parceiros
Nas
ternas cantorias...
Rebusco
Quimeras
primaveris,
Porque
em verdade,
Teus
olhos ficaram
Distantes
de mim.
Encilho
o baio-cabano
E
vou de marcha batida,
Assim
sem rumo certo.
Busco
domar inquietudes
Que
aos poucos se amansam
E
a dor da existência,
A combater às marcas do amor.
Sigo
adiante
Em
novos destinos...
Sinto
na cara um vento
pampeano
E
no cerne me reconheço
teatino!
Entendo
afinal,
O
ritual destes amores
Peregrinos...