AO
ESTRELO E O BARROSO
(Pelas
verdades do olhar)
Alcindo
Neckel e Vitor Lopes Ribeiro
no
mesmo compasso
moldados
passo a passo
criados no
mesmo tino!
... desenhando vergas
num
cenário tranquilo
atordoando os
grilos
que
saltavam pela canga.
O
Estrelo!... boi manso,
pelagem
avermelhada,
tal
qual, água de remanso
que se
faz emoldurada.
Outro
boi, é o Barroso!
Pêlo
preto, altaneiro,
um
mero caborteiro
a
procurar alvoroço.
Seus
olhos sinceros
se
refletem na sanga!
Foram
criados na canga
pra
descansar no sereno!
... nas pupilas de cada boi
se
espelha o mundo
e na
ausência do colorido
passa
tudo que já foi!
Nos
seus olhos, vejo...
As
suas sinas iguais
bem
antes do vilarejo
pela
vanguarda dos pais.
... estes, perderam o entono
pra mão
da faca e picana,
igual a
vida humana
pelos pealos mundanos.
Ao
viver nas pradarias
um
companheiro do outro,
o
Barroso rude e afoito!
O
Estrelo calmaria...
Junta
afetiva de irmãos
desde do
início no arado
se um
ficava cansado
o
outro era lentidão.
Seus
olhos são alentos
atordoando os
meus silêncios
e
usam à saga das lavras
pra
garantir o sustento!
... como julgar animais,
castrados,
faca ardente
numa
razão imprudente
de
ignorar imortais!
O
homem que manda
é o
mesmo lavrador
e no
ritmo da passada
tem
sinais de cantador!
... no jeito dos bois
a
exaustão do momento
permanecendo
atentos
aos
gritos de “eira boi, eira boi”!
Na
noite fecham os olhos
que são
janelas da alma
num
sono que acalma
pra
descansar do trabalho.
-
Alvorada, cocho cheio,
estampas bem
nutridas,
pra
atender os anseios
a
canga pronta pra ida.
Os
olhos da verdade
eram de
escravidão...
Os
olhos de compaixão
margeiam
ternas bondades...
No
do Barroso, o inferno!
Amedrontando
diabos
que
fogem aos tombos
pelos
verões e invernos.
Meus
olhos são desiguais
ao
Estrelo e o Barroso...
Sem
as verdades iguais
já me
tornei mentiroso...
Não
importa a maldade
ou a
tranquila bondade
nos
olhos destes bovinos
se
pairam sinceridades.
Seus
olhos pertinentes
servem pra
se espelhar
que a
verdade no olhar
tem que
varar horizontes!
Olhos
de céu ou inferno,
cada um,
molda ao seu jeito
e a
falsidade por entono,
se
torna o pior dos defeitos!
Bois!...
se a humanidade
parasse de
ignorar
as
estrelas dos seus olhos
piscando a
nos ensinar.
Pois,
é puxando um arado
que se
reconhece o parceiro
e
neste rude entrevero
tranqueia
sempre ao seu lado.