Tempos de Infância
Tatiane da Rosa Crestani
Lá
nos fundões da estância
Pés
na água, esfriava,
Depois,
pelos campos andava
Com
meu cavalinho de pau.
Um
vento forte soprava
E
uma pandorga também soltava
Bem
no meio do arrozal.
Andava
com pés descalços
Brincava
com jogo de osso,
Laçava
vaca parada
Depois
corria com a cachorrada.
Vida
simples, cheia de bênçãos
Junto
de meus pais e irmãos,
Que
contavam várias lendas
Até
do bicho papão.
Certa
feita, chegando em casa
Lá
na margem do rio Ligeiro
Vi
ao longe, num receio
A
tal mula sem cabeça!
Saí
em disparada
Fazendo
maior gritedo
Minha
mãe mui assustada
Num
disparo sai correndo
Se
vai cruzando
os bretes
Achando
ser o fim do mundo
E eu
feito defunto
Paralisado
e cheio de medo
Não
era não, a mula sem cabeça
Era
apenas o baio fujão
Que
por detrás de uma coxilha
Me
pareceu
assombração.
E a
mãe, em disparada
Me
deu uns
safanão
Quase
que mato coração,
Minha
mãezinha abençoada.
E
assim vou passando os dias
Nesta
vida aqui da estância
Vivendo
tempos de infância
Neste
fundão que assovia!