Lembranças
Tatiane da Rosa Crestani
Cheiro de terra molhada!
Gosto de algodão doce...
Assim são os avós!
Eles nos trazem a certeza
De sonhos e fantasias!
As histórias contadas
Em noites de tempestades
Sobre a mula sem cabeça
E o tal do lobisomem!
E o mate doce
Que a vó fazia com ternura!
Trazia braza, açúcar e leite
Sempre que chovia!
Com pipoca e muita fantasia!
Minha infância
Teve gosto de rapadura
De bolacha com cobertura
De merengue e estrelinha!
De comer escondido
O leite ninho na cozinha!
O vô!
Haaa o vô!
Tinha cheiro de alegria
Trazia no rosto a magia
E a sabedoria dos anos vividos!
Que bom ter essas lembranças
Que trago dentro do peito!
Dessas eternas figuras humanas
Que mais parecem...
Anjos de candura!
Com o olhar profundo
As rugas na fonte
E seus cabelos brancos!
Queremos sentir pra sempre
A energia, que suas abençoadas
Mãos transmitem!
Os sábios conselhos
De palavras fortes
Indicando novos horizontes em nossas vidas!
Meu avô...
Se foi com o vento
Depois das valsas no campo!
Se bandeou pra junto
Do nosso Patrão Celestial!
A saudade trago no peito
Das histórias que não contei
E dos dias que não vivi!
Ele tinha nos olhos
O brilho de menino
De um azul do céu mais lindo
Cheio de amor e carinho!
Sabia como ninguém
Aquietar um coração ferido!
Madrugada...
Azul sem luz
E a certeza de ter perdido
Um pedaço da minha infância!
Quero guardar pra sempre
Esse gosto de algodão doce!
A valsa em tom menor
E a candura do azul do mar!
A falta que ficou
Entre minha mão e a sua
Perdão pelas palavras não ditas
E pelos carinhos esquecidos!
A morte!
É um aprendizado sofrido
Somos frágeis perante o mundo.
Ela nos une, nos fragiliza
E nos fortalece ao mesmo tempo.
Poderíamos saber quais caminhos
E ventos irão nos levar?
Aprendemos a ser melhores...
E que os que aqui estão
Resta, nosso amor e cuidado!
Os avós...
São criaturas de Deus!
Anjos enviados para deixar
Nossa vida mais doce.
A ironia da vida
Nos faz perder esses anjos!
Eles são mestres da sabedoria
Fontes de paciência e amor!
Uma verdade é certeira!
Que o tempo é feroz!
E devagar vamos aprendendo
A sobreviver com o vazio
Nos conformando com a perda.
Mas jamais entendemos
A partida dos avós!
Haaa!
Se eu soubesse...
Tinha passado mais tempo...
Próximo ao meu AVÔ!