Senhor dos Descaminhos
Fernando Araujo
Mesmo que a chuva caia
alagando os
caminhos, os campos
e os banhadais,
que o vento
sopre
fazendo as
árvores
vergarem com sua
força,
e o tempo
passe trazendo a idade,
o cansaço
e a solidão,
meu
sentimento jamais mudará.
Larguei o rancho cedito
Com sede de liberdade;
Eu era um pássaro voando solito,
a
juventude brotando dentro de mim
sempre seguindo
em busca de alguma coisa imprecisa,
sonho ou realidade?
Quando maio chegou,
trazendo os seus
ímpetos de aurora
e com ele
o furor da estação,
que fica com
a gente,
que gruda na
gente,
e nunca,
nunca mais vai embora.
Tudo começa com o vento
varando caminhos
recorrendo lugares
levando rumores
para então...
chegar!
Primeiro: amigo
com todo a
inocência do ser,
depois irmão:
proteção, carinho
e amor.
Agora parceiro para todas as horas.
O tempo,
senhor dos
descaminhos
acaba
quebrando o elo
mesmo que por
pouco tempo...
Se vai o
pássaro sozinho
Longe do ninho e mui só.
Quando chegou agosto
Trazendo o minuano,
a geada
branqueando a pampa
metendo medo na
gente
gelando a nossa
alma,
meu coração
estava aquecido,
pois se uma
árvore verga
com a
ventania
e agüenta
o tirão,
nada pode
resistir
ao
sentimento tão profundamente
enraizado dentro
do coração.
Quando a aurora dos meus cansaços
um dia
chegar
trazendo as
agruras do tempo
e apagar
as tristeza,
os
desencontros e a solidão ,
quero você ao
meu lado,
para poder
enfim pousar no ninho
e dizer
tudo
que tenho
guardado dentro de mim.
Quisera eu, um dia
poder morrer
ao teu lado.
E no calor dos teus braços
enfim
encontrar a paz
que tanto
busquei
e que um
dia hei de encontrar.