Onde estão os “Abas Largas”?
João de Deus Vieira Alves
Quando
dois Oficias e um Sgt, trouxeram do Canadá
Modelo de
Patrulhamento
Que pela
estampa fundiria o gaúcho da Pampa Larga, com o cavalo crioulo
Para atuar
na Fronteira do Estado
Assim
ficava criado o Patrulhamento Rural Montado
Redesenharam
o mapa do Rio Grande
Marcando a
cascos de cavalo
Por
contrariar interesses escusos do poder vigente
Foram
recolhidos a Capital
Anexados
ao Regimento Bento Gonçalves
Sem
contudo apagar o seu ideal
Em 56 por
força de Decreto
Transformou-se
RC em RPRMon
O
Regimento “Cel Pillar” foi o pioneiro
Voltando,
estes bravos guerreiros a defender o pago
com
indômita galhardia
Onde estão
os “Abas Largas”?
Onde estão
os “Abas Largas”?
Ao redor
dos Quartéis, nos hospitais, nos asilos, padecendo nas filas dos pecúlio, ou
servindo nas fileiras celestiais, Lembranças só fazem chorar
As botas
num canto jogadas, capa rural carcomida de traças
O velho
chapéu desabado pelos anos, talabarte roto e culote sem vinco de outrora As
esporas, remotas relíquias de andanças, tinem em eco nos peitos cansados
Onde estão
os “Abas Largas”?
Onde estão
os “Abas Largas”?
Continuam
vivos na retina
Singrando
vales e coxilhas
Centauros
fardados, Quixotes farrapos
Dormindo
ao relento, sobre os arreios em fundos de campo
Cortando
geada, passando fome
Pois
charque, água e bolacha
Era a
comida dos homens
Por onde
andam?
Os Oritz,
Portos, Almeidas, enfim ...
O Sgt
Caetano e seu beliscão de alicate
O Schultz
com o relho rabo de tatu
Que fazia
dupla afinada com a velha “35”
Moralizando
as tascas onde família não entrava
Em
Livramento no Cabaré da Maria Gorda
Em Bagé no
Bico Verde, São Gabriel na Rua do Chapéu
Em
Uruguaiana na Vinte Oito
Por onde
andam?
Policiando
carreiras, combatendo abigeato
Agindo
como Juiz de Paz em pendengas de vizinhos
Servindo
de estafetas, estreitando laços
Prestando
assistência, velando o sono das casas
Onde estão
os “Abas Largas”?
Onde estão
os “Abas Largas”?
Perderam-se
no tempo
A
evolução, o progresso, os relegou a extinção
O
burburinho de vozes, cascos e tinir de ferros
Farfalham
no torvelinho da infância campeira
E... quem
souber, aonde estão
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