O BOLEADOR

Bernardo Taveira Júnior

     

      E o destro campeiro na fúria indomável,

      Seguindo o cavalo que vai a fugir,

      As bola meneia com braço de ferro,

      Enquanto as não deixa certeiras partir.

 

      E a certa distância que mede co'a vista,

      O impulso tenteia visando o bagual,

      E após, lá consigo, contando com a presa,

      Desprende o seu tiro terrível, fatal!

 

      E as bolas tremendas fungando no espaço,

      Lá vão zig-zigs formando no ar;

      Lá vão implacáveis cair como um raio

      Na frente do bicho que intenta escapar.

 

      E as pernas das bolas o bicho mal sente

      Nas mãos lhe tocarem, priscando coiceia,

      E quanto mais prisca, coiceia ariscado,

      Mais ele se enreda, nas bolas se eleia.

 

      E os fortes campeiros que adoram proezas

      Soltaram mil vivas naquela amplidão;

      Um tiro de bolas há muito não viam

      Com mais bizarria, com mais perfeição.

 

      Eu te admiro e saúdo,

      Ó destro boleador!

      Mais te dera, se o pudesse

      O teu modesto cantor.