Francisney 1999
Sempre
gostei de fandango
De
dançar bem apertado
E
me sinto contrariado
Se
uma china me dá carão
É
uma falta de tradição
Para
um gaúcho pilchado
E
isto me aconteceu
Na
metade do ano passado
Num
surungo muito afamado
Que
eu fui para dançar
Com
o meu cavalo a trotear
Lá
pras banda do Lageado
Cheguei
em frente ao pavilhão
Apeei
do meu tostado
Deixei
o bicho amarrado
Que
ali ficou pastando
E
eu fui entrando
Do
meu jeito esparramado
Na
primeira abrida de fole
Carquei
minhas botas no salão
E
num baita dum vanerão
Que
o gaiteiro velho tocava
Eu
e minha prenda rodava
Levantando
poeira do chão
Mais
pro fim do baile
Umas
cinco da madrugada
Avistei
uma china sentada
Chamei
para dançar
Nem
quis se levantar
Como
se tasse de cola atada
Fiquei
mais surpreso
Que
cusco quando é vendido
Nunca
tinha me acontecido
Cosa
daquele jeito
Como
uma facada no peito
Fiquei
ali perdido
Convidei
a prenda de novo
Não
tava acreditando
Um
carão eu tava levando
Pela
primeira vez na vida
Que
hora triste e sofrida
Ali
eu tava passando
Olhei
bem pra moça
Que
tava me dando o carão
Pensei
eu não sou peão
Que
de grosso só tem a cara
Arrastei
a china na marra
Para
o meio do salão
E a
mulher esperneava
E
me batia naquela hora
Inda
bem qu’ela não tinha espora
Se
não me enchia de corte
Esta
foi a minha sorte
Recordo
como se fosse agora
Quando
o chamamé acabou
Da
prenda logo larguei
Contigo
eu já dancei
Pode
seguir sentada
Mesmo
que foi contrariada
Desaforo
eu não levei