Saudades de Um Fim de Domingo

Maria Luiza César

 

Hoje me abanquei no oitão do rancho

Junto às lembranças da infância

Se fossem outros tempos

Bem por essa hora, tu estarias chegando


Se bobear, ainda consigo ver

O sol descendo no rincão

Ali pelas seis e pouco

Quando aquela tarde domingueira dava seu último suspiro

Eu me parava junto à porteira

Esperando por alguém

 

Não demorava muito

De longe se ouvia a risada

E era só olhar pra voltinha do mato

Que ali tu aparecias bem faceira

E eu corria pro teu abraço

 

Eram sagradas as jantas aos domingos

Regadas a causos e histórias

Relatos de assombros e piadas

Tudo era conversa

E depois, as vídeo-cassetadas encerravam a noite

 

E junto com a música de encerramento do programa do Faustão

Vinham as despedidas

E noite adentro tu saias

De volta pro teu ranchito


Só que numa sexta-feira

Tu foste embora e nunca mais voltaste

Desde esse dia os domingos ficaram tristes

E vez por outra ainda me pego olhando aquela volta do mato

Esperando que tu apareças

Em meio àquelas árvores

 

Mas infelizmente, só aparece a saudade

Que se achega sem pedir permisso

Toda vez que finda um domingo

E tu não vens jantar aqui



* Com carinho e muita saudade, para minha tia Gorette.

Ela que todo domingo vinha jantar aqui em casa

e hoje é o anjo mais lindo do céu