Num Fundo de campo Santo
Maria Luiza César
No fundo do cemitério
Onde o mato está crescido
Num olhar quase perdido
Leio um “descanse em paz”
E então penso: aqui jaz
Um dos tantos esquecidos
O tempo passou depressa
Se foram seus descendentes
Extinguiu-se a semente
De uma nova geração
Pra lembrar em oração
Desse triste indigente
Pelo mato engolida
Com a letra quase apagada
A sepultura quebrada
Juntamente com seu dono
Repousa no abandono
Quase, quase olvidada
Ninguém mais vem visitar
Nem trazer-lhe uma flor
Não tem ali o calor
De vela queimando calma
Para iluminar a alma
Desse pobre sofredor
Por isso que com meu verso
Simples, sem muito encanto
Em forma de acalanto
Homenageio comovida
Toda alma esquecida
Num fundo de campo santo