Canção para um Xiniquense Exilado

(Paródia da Canção do Exílio, de Gonçalves Dias)

Maria Luiza César

 

Vim da terra mais gaúcha
Onde canta o sabiá
Um recanto bem campeiro
Pago flor de hospitaleiro
Meu querido Xiniquá

Tens os bosques verdejantes
E teu céu é mais azul
Tens as prendas mais mimosas
És a terra mais formosa
Do meu Rio Grande do Sul

Eu cresci sobre teu chão
Correndo entre a campina
Mas os anos se passaram
E com eles se findaram
Os meus tempos de menina

 

A cabresto me levaram
As rédeas do meu destino
Deixei pra trás a querência
Só sobrou, por consequência
Saudades de peregrino

Hoje, longe de “mi’a” terra
Desgarrada do rincão
Açoitam-me soledades
E me abraça a vontade
De voltar ao meu torrão

Não permita, Patrão Velho
Que eu morra sem voltar lá
Sem levar esta homenagem
Sem contemplar a paisagem
Dos campos do Xiniquá