A Pena-prenda da Coruja

Maria Luiza César

 

As madrugadas silentes
Chegam até me dar medo
Depois da reza e o amém
Não escuto nada além
Que a coruja no arvoredo

Deitada sobre meu catre
Vou altas horas pensando
No quão dói essa distância
Que desperta essa ânsia
De ver-te um dia chegando

Me reviro, perco o sono
E aos céus pergunto baixinho:
Pelo amor de Deus Pai
Por quantas luas a mais
Viverei sem teus carinhos?

Não obtenho respostas
Fora a coruja que grita
Num lamento ela chora
E eu percebo nessa hora
Que ela também é solita

 

Inspirada em nossas penas
Eu escrevo poesias
Enquanto lá das alturas
Cheia de amor e ternura
Ela faz as melodias

É assim que nós fazemos
Nestas noites de luar
Esperando dois regressos
Cantamos dores em versos
Pra tristeza espantar

Quando a tristeza se vai
E a lua pelo céu desce
Eu volto para o meu leito
E com todo amor no peito
Pedindo, faço outra prece:

Nos dê forças, Patrão Velho
Pra aguentar este repuxo;
Pra coruja do limoeiro
Traga o seu companheiro
E pra mim, o meu gaúcho