ESSÊNCIAS
Wilson
Araújo
Um
galpão, um fogo de chão,
um
manojo de jujos pendurado à parede.
Uma
tira de couro que ganhou de um amigo,
para
os dias de chuva,
nos
finais de semana,
tirar
alguns tentos e ensaiar
uma
trança que aprendeu
com
o pai quando era guri.
Em
riba de um cepo
um
pelego sovado.
No
canto da mesa,
uma
massa de carreta suportando uma cuia.
Uma
chaleira de ferro,
uma
panela três pernas
que
descansa em
silêncio
na trempe cilhona
dos
fogões campeiros.
O
Chiar da cambona,
encostada
nas brasas, ressona
com
calma o seu musical.
E
traz na lembrança as coisas
marcantes,
quando deixou a Querência:
por
motivos que a vida
impôs
no caminho.
O
Verde dos campos, com marcas
salientes
dos capões de mato.
As
sangas correndo em direção ao rio
-
refletem retratos -
que
seus olhos viram num
tempo
saudoso que ficou
pra
trás.
O
Rubro do fogo, que
seus
olhos vêem é a barra do dia,
surgindo
bonita de trás do
horizonte!
O
Canto dos pássaros!
O
Berro do boi!
E o
relincho dos potros,
ficam
nítidos e puros,
nos
poemas campeiros que os
poetas
escrevem musicando a vida.
Que
as ondas sonoras de
um
rádio de pilhas lhe trás
para
o rancho.
O
Sentimento terrunho
que
trazes no peito,
abastece
a alma!
Com
as coisas mais lindas
que
o pago lhe deu:
a
infância, o respeito, o amor
pela
terra e o valor profundo;
Que
ficou na resteva da vida,
de
seus ancestrais!
Mas,
quando a alma campeira
vazia
de campos retouça
no
peito a saudade maior,
as
lembranças tranqueiam
retesando
o garrão,
vencendo
o repecho da vida
de
um homem que mateia pensando,
sentindo
o conforto de uma vida
urbana
que tem ao redor!
Por
isso um galpão, retrato de ontem
reproduz
a Querência!
Porque
mudar uma planta para outra terra,
ficam
marcas no chão...
Rebrotam
outros galhos
mas,
mas não muda a essência!