Quem Canta o que Sente
Ameniza Seus Penares (Ponteio, Canto e Opino)
Cândido Brasil
Ponteio,
canto e opino,
opino, canto e ponteio
e a lo largo bombeio
o tremor do sol a pino
e tal qual condor andino,
revoando pelos ares,
entôo os meus cantares,
opinando apenasmente,
pois quem canta o que sente
ameniza seus penares.
Ponteio
o pinho ladino
riscando a Pátria sulina,
soltando de relancina
um verso continentino,
libertário e peregrino
por tribunais e lugares,
ditando leis singulares
a elites e indigentes,
pois quem canta o que sente
ameniza seus penares.
Canto
o canto sulino
deste pago abarbarado,
no bate-guampa forjado
desde os tempos de menino
e como índio teatino
liberto versos aos pares,
pelas serras e os mares,
exaltando minha gente,
pois quem canta o que sente
ameniza seus penares.
Opino
ao povo latino
da América e do mundo
o sentimento profundo
de gaúcho paladino,
que faz o próprio destino
abrindo cancha em altares,
em tropas de militares,
congressos onipotentes,
pois quem canta o que sente
Ameniza
seus penares.
Ponteio,
canto e opino,
Opino,
canto e ponteio
e se não levo a careio
o futuro em desatino,
ponteando eu determino
a cadência dos pulsares
e dos cantos seculares
que regam novas sementes,
pois quem canta o que sente
ameniza seus penares.