Bravos Homens
Fernando Henrique Stadler
Quando a lua chega
Iluminando a madrugada
me lembro das adagas
Ensangüentadas de valentia
Valentia de guerreiros
Homens bravos,fortes
Que lutaram bravamente
Por sua querência até a morte
Querência que sempre foi defendida
Com muito suor e amor
Independente da cor
Se tratavam igualmente
Em suas longas viagens
Nunca esqueciam da querência
Da mulher e dos filhos
Que lá deixaram, esperando a sua volta
Volta?
Será que vai ter volta?
Nunca se sabe
Só basta aguardar!
E os gaudérios que a família espera
Continuaram lutando campo a fora
Tendo vitórias e derrotas
Tendo mortes e sobreviventes
E destes sobreviventes
Só restaram alguns
Que depois da guerra terminada
Lutavam agora contra a saudade
Muito longe da querência
Estes homens foram voltando
Mas só alguns conseguiram
Chegar ao lar com sua família
Um destes gaudérios
Foi para o seu rancho
Esperando a felicidade
Mas já era tarde!
Chegando lá viu o rancho vazio
A porta aberta cheia de teias
Começou a gritar:
Meus filhos, minha prenda
Mas sua decepção foi grande
Não responderam ao seu chamado
Ele entrou dentro do rancho
E viu uma carta, do seu filho
Que dizia:
Meu pai nós te esperamos
Mas tu não chegaste
Minha mãe e meu irmão já se foram
Agora não posso mais de tanta solidão
O gaudério quando leu a carta
Chorou como um piá
Foi atrás da casa e lá viu
Três cruzes de sua mulher e dos dois
filhos
E nelas tinham uma mensagem:
Tu foi um bravo homem
Que sempre lutou pela querência
Agora nós se fomos mas o amor sempre vai
ficar
Lendo essa frase
O gaudério chorou novamente
Mas desta vez,aquele gaudério
Bravo e forte!
Morto tombou.