Roberto Giordani
Ao empunhar
um verso
Que trouxe
lá da fronteira
D’onde três
pátrias são lindeiras
De
cultura... campo e bravura
Me debruço
no atavismo
Do qual sou
criatura
Filho
orgulhoso de um criador
Na minha
garupa onde eu for
Com seus
traços... dizeres e postura
Fronteira...
de sotaque “portunhol”
Livre como
um esplendor de um canto
Onde se crê nos mesmos santos
Onde marcos
cravados...alvos como a paz...
Antepõem-se
as divisas
Quando a
geografia avisa
Onde acaba...onde começa...
São muros
inexistentes
Esquecidos
no presente
Onde o
futuro atravessa...
Fronteira...
ao sul do meu interior...
Onde coisas simples tem valor...
Onde até a
realidade urbana
Se mescla
com a campechana
Quando a
essência faz fiador
Fronteira...
ao sul do meu interior...
Longe...aos
olhos de alguns...
Perto pra
quem sabe ver...
É um livro
pra quem sabe ler
Nossos
valores... um a um..
Esses
filhos da querência...
Quando
ainda encilham fletes
Que
“prendem o grito” na boca de um brete
Honrando
sangue e procedência
Quando a
força do instinto se topa
Com suas
verdades campo afora
Basta
forquilha... reio e espora
Pra cruzar
rastros de tropas...
Esses
filhos da querência...
Oriundos de
campo e cidade
Gaúchos
plenos de identidade
Seiva de um
interior... pura essência...
Jeito
simples... fala mansa...
De
dia-a-dia costumeiro
Raízes de
um viver fronteiro
Que pago
deixa de herança
Do outro
lado... mas “allá”..
Com a mesma
pampa estendida
Com a mesma
alma aguerrida
Sucumbida
em cada imagem
O tempo
idolatra personagens...
Heróis de
uma história bendita...
São heróis
de a pé ou de a cavalo...
Majestosos
coronéis...
Ou fiéis
subordinados...
Em fardas
exuberantes...
Bordadas de
honrarias...
Ou de chapéu...bota e bombacha
Pra lida de
cada dia...
Milongas
e chamamés...
Difundem
uma comunhão cultural
N’alguma
obra magistral
Nascida dos
dedos de Hernandez
Ou num
verso sem retôvo de Jayme
Retratando
fielmente
Lidas de
campo e histórias de gente
Em lados
opostos da “linha”
Cruzas de
sangue...
Deixando
herdeiros de duas pátrias...
Herdeiros
de duas querências...
Para
exaltar na estrada a tenência
De seus
bravos antecessores
Que cruzam
corredores
Pra semear
descendência
Fronteira...ao sul do meu interior...
Que se
entangui no sopro dos ventos
Levando
geadas de um chão pampeano
Nas asas
dolentes de um minuano
Que açoita
e arrepia até os pensamentos...
Fronteira...ao sul do meu interior...
De homens
campeiros em suas cidades...
Usando
expressões contrabandeadas
Em mates...
“charladas”...
Providas de
raiz e humildade...
E o sol...
Por não
conhecer fronteiras...
Alheio a
cor... raça e bandeiras...
Guerras...brasões
e hinos...
Exalta sua
magnitude
Num céu
castelhano ou argentino...
Gaúcho...brasileiro...
Tal qual um
forasteiro
Num
pedestal celeste
Que
independente de vestes
Aquece a
alma dos fronteiros...