Almas Antigas
Joarez Fialho
Quando o ventito
afiado farfalhar
As folhas do umbu guardião. . .
Quando o ronco sonoro do mate novo
Ecoar neste chão. . .
Quando o pingo ruano
Escarcear inquieto pedindo ração. . .
Eu encharco a alma com a fumaça
Branda do fogo de chão!
Ah! . . . guerreiros
antigos. . .
Que vieram de longe chegando no
agora,
Com gastas esporas e sonhos
desnudos
De tanto “pelear”.
Nesse andejar de léguas compridas
E, incuráveis feridas, herdadas
da vida
Que se arrancharam cingidas
Na tela do olhar!
Aquela gana louca de sofrenar
o mundo. . .
De manear o tempo!
Aqueles pensamentos chucros
araganos
Que gavionam mentes já não
são os mesmos.
Viraram pilungos de rédeas ao chão!
Até o coração tropeça mil vezes
Nos tacurus do mundo.
Mas, a alarifaça vida nos engambela,
Fazendo cismar que tudo sabemos,
Que tudo podemos além da ilusão!
Então surge o, não, castrando a razão
Embuçalando o sim.
É o começo do fim mas, nunca pra mim,
Que nasci peão!
Porém, a alma antiga, não se aquebranta
Aos tirões do laço.
Fraquejam os braços e, os olhos nublados,
afagam distâncias.
No peito as ânsias sesteiam dormidas
quais cinzas sem brasas e,
Vergam as asas dos seus pensamentos,
Voejando querências. . .
Ainda brilham teus olhos
claros
alumbrando meu mundo . . .
Tão azuis profundos quais esses
Céus de outono que se derramaram.
Que nos emponcharam pelos tempos largos. . .
De um amor fecundo!
Por certo oriundo dum querer maior
Que os tempos abençoaram. . .
Ah! . . . almas
antigas dos homens de antanho
E barbas de algodão.
Que envergam nas mãos os mates lavados
Das ervas caunas.
As tardes lubunas são tristes molduras
Pintadas no pago. . .
Sem esses “índios vagos” que cismam afagos
Dum tempo ilusão.
Essas almas centauras que ainda gavionam
Por campos alhures. . .
São quais as fagulhas das brasas rubras
Dos cernes de angicos.
Que lumiarão infinitos em tempos proscritos
Cruzando
Pra
Esculpidas por DEUS.