Quero-Quero
Vargas Neto
Que é que tu queres,
quero-quero? Implico
Com teu grito, que aos tímidos maneia,
Pois vêem fantasmas de que o pampa é rico,
Quando tu gritas numa noite feia.
Aborrecido, quando te ouço, fico,
E uma grande saudade me esporeia,
Porque dizem que gemem no teu bico
Os gaúchos que morreram na peleia.
És a ronda do pampa com teu bando...
A noite tôda passas denunciando
Cruzada de viajante ou de índio vago.
E os mistérios das lendas entropilhas,
Quando gritas na dobra das coxilhas,
Sentinela perdida do meu pago.