Campereada

Vargas Neto

Hoje, parei rodeio
na fazenda da vida!...
Apartei um bom lote de alegrias
pra o saladeiro duma despedida...
Recorri a invernada do presente,
- onde inda existe o refugo do passado -
tinha gado gordo,
gado magro,
e algum terneiro pesteado...
O campo da estância está apertado!
O pingo do meu pensamento
está delgado e fogoso,
mas não pude conseguir meu intento...

Levei quase todo o dia,
e não fiz passar a pandilha das saudades
para a invernada do esquecimento.
É teimosa essa pandilha!
Ficou bufindo, com a égua-madrinha da tristeza,
no alto da coxilha...
Não gosto destas teimosias.
Dei de rédea e voltei tranqueando,
e vi que todo meu esforço foi em vão...
e trotei...
repontando a tropilha dos meus dias
rumo à mangueira donde todos vão...