VERTENTES DO MEU RIO

Valdorion Klein

Vergo a terra,
verte água cristalina.
O sol, de relance, ilumina
as folhas ainda molhadas
pelo sereno da madrugada,
fazendo um leve balanço,
marcando o traço
d'águas passadas.

o mundo não pára,
segue adiante meu rio,
pra tentar o desafio
de chegar à beira mar,
sem ninguém te maltratar.
Depois do meu chimarrão,
vais cruzar o meu chão
e já não posso te cuidar.

Espelhe, meu rio,
as mentes dos homens,
que aos poucos te consomem.
Faça brotar uma nova consciência,
pois o fim de tua existência,
no campo ou na cidade,
é o fim da humanidade,
que nega a tua importância.

Nas enchentes,
Teus ideais libertários,
lavam os campos lendários,
vencendo as margens
que o reprimem.
E os homens que se eximem
de respeitar tua natureza,
teus encantos e tua riqueza
e na ganância se comprimem.

Por fim, prometo, meu rio,
preservar as tuas matas,
tuas curvas, tuas cascatas.
E só faço um pedido, meu rio:
não deixes teu leito vazio,
tenha sempre água pra gente,
também irrigue a semente
de um orgânico Brasil.