SONATA
Vaine Darde
A
luz te busca, se projeta tonta,
Pousando
leve no teu corpo claro:
Te
envolve em ouro quando o sol desponta
Luzindo
em formas de relevo raro.
Um
brilho emana quando a luz te encontra
E
em ti se exila pra ganhar amparo:
A
luz, sem rosto, no teu corpo apronta
A
tez aérea que requer reparos...
Ansioso
de que a aurora se revele
O
sol prepara o dia em tua pele:
Esplendido
arrebol de puro zelo.
Enquanto
dormes límpida e despida,
No
tom da claridade amanhecida,
O
sol reflete a luz dos teus cabelos.
Estão
os girassóis adormecidos...
E
a aurora, com saudade de revê-los,
Desperta
o sol que trazes distraído
E
esquece de acordar nos teus cabelos.
Em
ti qualquer manha se faz repleta...
Pois
busca nos teus olhos tons azuis,
Os
pássaros do bosque fazem festa
Ao
louro alvorecer que em ti reluz.
Estão
os girassóis adormecidos
Enquanto
um arrebol luzir despido
Na
tímida manha que tens no colo.
O
dia necessita que despertes...
Pedindo
que, divina, tu ofertes
A
luz que dorme dentro dos teus olhos.
Em
ti um sol rebelde se dissolve
Brilhando
delirante em teus cabelos,
Cativa
claridade em pele e pêlos
Que
em pálidos relâmpagos te envolve.
O
sol que vive em ti possui tal zelo,
De
forma que te segue onde te moves
Pois,
mesmo, nesses dias quando chove,
Na
luz do teu olhar irás contê-lo.
Há
tanta luz em ti que, na penumbra,
Até
o teu espelho se deslumbra
Corado
por sublimes arrebóis...
Eu
não sei se és mulher ou querubim,
Só
sei que quando passa nos jardins
Tu
causas frenesi nos girassóis.