ELO QUEBRADO
Vaine Darde
Intérprete: Carin Burtet
Amadrinhador: João Batista
de Oliveira
A
chuva se derrama desde o cerro
e
a noite trás acordes de cincerros
nas
lágrimas da quincha sobre o balde...
Ah,
que triste a cantiga da goteira
chorando
tua ausência a noite inteira
vivendo
o que me mata de saudade...
Insônia
faz vigília no meu catre
a
rondar a tristeza neste aparte
com
o vento a gemer nas casuarinas.
O
que ficou de ti, não me consola,
tu
deixaste a lembrança por esmola
e
levaste o meu sonho de menina...
O
que fazer sem ti nestes confins?
Foi
contigo, também, parte de mim
e
o pouco que ficou só me apunhala...
Nem
mesmo tenho a graça das esperas
no
pampa esplendorando a primavera,
no
que ficou de ti naquela pala...
Pois
tudo que me vive te acompanha
e
o que morre por ti ainda sonha
florindo
na esperança derradeira:
Um
dia, num milagre, por amor,
também
poder sorrir e gerar flor
assim
como a vertigem da roseira...
O
que te encanta tanto na cidade,
será
que é prazer das novidades
a
causa pela qual tu te fascinas?
Eu
sei que o teu encanto se resume
no
luzeiro dos falsos vaga-lumes,
no
brilho de néon dessas vitrinas.
Em
busca de um presente sem futuro
esqueces
um amor imenso e puro
e
deixas violão, cavalo e lida.
Tu
vais atrás dos outros bem-me-queres,
brincar
de ser feliz com as mulheres
e
esqueces que te dei a minha vida...
Às
vezes, o adeus é o pior desastre...
Eu
sofro a tua ausência em cada mate,
eu
vivo de morrer longe de ti.
Se
um dia retornares dos teus sonhos,
não
vai mudar, em mim, o olhar tristonho:
metade
que foi tua e já morreu.
A
dor que mais me dói neste abandono
é
ver que um violão ficou sem dono,
é
ver mais um cavalo sem peão...
Não
sabes, mas, pra mim, a tua falta
não
dói tanto na morte que me mata.
O
que dói e viver na solidão.
Se
ao menos me dissesses que te ias
Assim,
eu, dessa forma, saberia
que
fora porque em nós chegara o fim...
A
mágoa que me mata e que se agrava
é
ires sem me dar uma palavra
deixando
o teu amor dentro de mim...
Fiz
tudo... tudo fiz por tua causa,
bordei
planos, sonhei co’aquela casa
que,
um dia, tu farias para nós...
Mas,
agora, o que faço do meu sonho,
continuo
a guardá-lo? ou o deponho
na
verdade do pranto mais atroz!
Talvez
tenhas alguém que tanto adores,
que
sorria por ti e também chore
como
eu tanto chorei quanto sorri.
Mas,
mesmo que esse amor que te cativa
faça
tudo por ti e por ti viva:
Duvido
que, também, morra por ti!