RONDA DE TROPA
Ubirajara Raffo Constant
Venâncio Arruda noite alta
ronda a tropa
Que tem por pouso o estirão
de um corredor;
Seu pensamento anda lá pela
distância
Repontado pela ânsia de bem
pronto regressar;
Que sua esposa, amiga,
namorada,
Se encontra embaraçada e o filho já p’ra
chegar.
Não sabe ele que lá longe em
seu ranchito,
Rincão do Arroio Bonito para
onde em mente se conduz,
Com céu e pampa ao mesmo
brilho,
Para seu primeiro filho
Sua patroa deu a luz.
E enquanto a noite crioula
Serena tranqueando
vai,
Nesse fundão de grota,
Venâncio Arruda, peão de
tropa,
Não sabe que já é pai.
O nhanduvai
não teria o cerne forte
Se não tivesse a seiva p’ra raiz
Mas por mais pobre que nasça
uma criança
Sempre os
pais tem a esperança
Em dar-lhe um mundo feliz.
Parece até que a natureza
sabe disso
E bem por certo é que por
isso
Toda em sons se acendeu...
Digamos, ficou seresteira
Homenageando a mãe campeira
E a criança que nasceu.
E a lua cheia, lá de cima do
infinito,
Achou isso tão bonito
Luzindo brilhante véu...
E feliz, serena e tão alva,
Acenou para a estrela d’alva
Que também sorriu no céu.