ROMANCE DE UM FIM DE TARDE
Sebastião T. Corrêa
I
Ela chegou, foi num final de
tarde,
Sem muito alarde, foi
entrando e, aos poucos,
Como uma chama branda, mas,
que arde,
Foi incendiando meus instintos louco.
Deixou na porta um chinelinho
antigo,
Fiel amigo para as
caminhadas...
Um gesto manso, de quem pede
abrigo,
Por se cansar de procurar
estradas.
Os olhos tristes,refletindo
a história;
(Das
semeaduras dessa trajetória,
vieram searas de desilusões...)
na face, a marca da intempérie d’alma,
que, por detrás de uma aparente calma,
esconde a fúria de mil furacões.
II
O rancho, então, que a
solidão resiste,
Tanto, ou mais triste, do que
quem chegou,
Em seu mutismo,simplesmente
assiste,
A mesma cena que já
presenciou.
Pousam nas minhas, as mãos de
veludo...
Quer fazer tudo, sem que, nem me avise
Volto a me ver neste cenário
mudo
De um mesmo filme, que já é
reprise.
Pois, da outra vez que ela
chegou, á tarde,
Entrou de manso, sem fazer
alarde,
Para incendiar os meus
instintos loucos;
Deixou na porta o mesmo
chinelinho,
E eu, que no rancho mateava sozinho,
Fui me envolvendo,
lentamente, aos poucos...
III
Agora, quando eu já me conformava
E até pensava em não mais
vê-la;
Volta a
lembrança que me atormentava,
E esta vontade de abraça-la, e tê-la.
Então o rancho todo vira
alcova,
Pra que se mova na realidade,
Cenas de um filme onde,
embora, chova,
Há um sol perene de
felicidade.
Depois, quem sabe, se de amor
saciada,
Ela retorne, pela mesma
estrada,
Aos alolargos
deste mundo a fora.
Irei sentar ao lado da
cancela
Para esperar, um dia, a volta
dela,
Mesmo que ela vá de novo
embora!