ROMANCE DE DONA MOÇA
Sebastião T. Corrêa
Dona moça foi-se embora, do
campo para a cidade,
Dona moça agora chora o preço
da vaidade,
Quis ter vida de princesa,
ser moderna, andar na moda,
Quis conhecer a nobreza,
circular na alta roda.
Não sabia que os luzeiros que
enfeitam salões inteiros,
Têm a chama da ilusão,
Dona moça, hoje seu pranto é
de dor e desencanto,
Que amarga ser coração.
Dona moça teve o mundo de
carinhos e ternura,
Dona moça pisou fundo na lama
da desventura...
Hoje triste, ensimesmada,
retraída, dentro dela,
Há uma lembrança apertada, do
seu tempo de donzela.
Ela que foi tão bonita com
seu vestido de chita,
Era um mimo no lugar,
Agora, um resto de gente... pelas ruas, indigente,
Vive a rolar... e rolar.
Dona moça passa os dias, perdida
na multidão,
Dona moça... as mãos tão frias, estende pedindo pão.
O troféu de seus fracassos;
preço alto paga, então...
Recorda o tempo de outrora e
que nunca fosse embora,
Lembra bem que a mãe pedia...
Dona moça tem saudades de
voltar, sente vontade,
Se pudesse, voltaria...