RIO GRANDE ENCANTADO: A MÍSTICA CULTURA LENDÁRIA
Autor: Sebastião T. Corrêa
Pelos campos do Rio Grande,
Existem tantos mistérios
Que nem mesmo os cemitérios
Os conhecem por completo...
Quando as noites mais escuras
Se
encompridam, mormacentas,
E as coruja, agourentas,
alçam vôos rasantes,
As coxilhas e canhadas, vão sendo aos poucos,
povoadas,
Por conta do imaginário, pelo
exército lendário,
Da mente de cada andante.
A “cobra grande” galopa,
sobre as ossadas antigas...
Línguas de fogo, compridas,
correndo daqui e de lá;
É a luz do boitatá, querendo
matar de medo,
Quem não foi dormir mais cedo
e ainda anda a vagar.
Na furna da Salamanca, lá no cerro do Jarau,
A fumaça, em baforadas, sobe
da toca encantada,
Onde se busca, ainda, a sorte
que teve Bento Manoel;
(E Blau Nunes, em papel de rastrear o boi barroso,
Surgiu um
vulto, curioso, apenas pelo tropel)...
Um pontilhado de luzes, como
velinhas de cera,
Multiplicam-se, ligeiras, ao
longe, na escuridão,
Retumbam cascos, galopes, de
uma tropilha gaviona,
Que a muitos quartos de lua,
por arisca e chimarrona,
Dá trabalho pro negrinho, que
campereia sozinho,
Os cavalos do patrão.
Cerros bravos, Mãe Mulita, Zaoris e a Mãe do Ouro,
São partes deste tesouro, que
a cultura ainda preserva,
Tesouro que se conserva na
casa de Mbororé...
-O padrinho de Angüera, que tornou-se generoso,
E o Rio Grande, majestoso,
tem por guardião permanente,
O facho mais reluzente do
lugar de Aão Sepé!!!