RASTROS DE SAUDADE
Sebastião T. Corrêa
Rastreei saudades perdidas,
no interior de mim mesmo,
Lembranças já esquecidas que
adormeceram a esmo;
Andei nas trilhas da
ausência, que a muito já não andava,
E encontrei minha querência,
que há tempo não encontrava.
Como é lindo olhar os pastos
e os palanques, quase gastos,
Sustentando o alambrado;
Iguais outros moirões de cerno, no rigor do frio do inverno,
Palanqueando o meu passado.
Campeei antigos amores, dos
lindos anos dourados,
Olfateei de novo as flores, num dia dos namorados,
Senti o desabrochar da paixão
ainda latente.
E o coração palpitar, num
beijo de adolescente.
Comoveu-me a ingenuidade, das
paixões de tenra idade,
Que vivi doces momentos,
Quando se busca ternura em
fontes de água pura,
Repleta de sentimentos.
Nessa busca, ensimesmada, que
parece não ter fim,
Eu vi todo o meu passado
passando diante de mim,
Enchi bruacas de sonhos, ao
longo dessa jornada,
Colhi matizes risonhos das
sempre-vivas da estrada.
Agora paro e medito... é tão grande, tão bonito,
O rastrear de uma saudade,
A vida volta, e num upa, encho a mala de garupa,
Com flores da mocidade!