das
retinas,
onde uma nuvem mansa de neblina,
aquerenciou-se, sem pressa de ir
embora...
Olhar
o tempo é enxergar a própria
estrada;
é
ver nos rastros a força das pegadas,
na
saga de traçar a própria história!
E
assim, eu pude ver, lá... bem
distante,
um
campo largo, e a cruzar risonho
num
flete alado, galopando sonhos,
um
pequeno guri, de olhar radiante.
De
calças curtas... pés descalços...
camisa aberta, esvoaçando ao vento;
Ah!
Liberdade! Como é feliz esse guri,
por
certo
que
são felizes todos os libertos,
porque é liberta a felicidade.
Adiante,
um pouco, eu vi surgir um
moço,
pilchas de gala e lenço no pescoço,
entonado no mas, de alma gaudéria;
guapiando potros, pelos tironaços,
zombando a sorte, e nos sofrenaços,
vibrando o sangue rubro das artérias.
E
vi o moço, outrora vaqueano de
muitas jornadas,
perdido, vagando, sem pilchas, sem
nada,
na
fria calçada de um mundo em
concreto...
As changas do povo não são para os
tauras,
que
apenas entendem de domas, de
maulas,
e
as lides campeiras, que os fazem
completos.
Então,
não mais vi
apenas senti a dor e a tristeza que o
moço viveu,
changueando misérias, curtindo
lembranças,
perdendo a esperança de um dia voltar
ao
chão que era seu.
À
sombra dos ranchos, sombrios, meia-
águas,
os
goles de mate, são goles de mágoa,
que
as ervas caúnas amargam ainda
mais...
O
pago terrunho é apenas saudade.
A
vila é seu mundo e a realidade
que
sangra nas folhas de muitos jornais.
Que
pena! A distância hoje me separa
do
meu primeiro flete, de taquara,
mas,
que tinha em si, minha alma de
menino.
E
repontava as tropas “faz-de-conta”
pras sangas mansas, onde cada “ponta”
sorvia um pouco desse meu destino.
Mas,
nesse tempo, havia águas limpas
e
uma pastagem, que era grama e terra,
e
havia torenas e se fazia guerra
pra
defender a honra da querência;
Por
isso é tão difícil aceitar, que agora
hajam gaúchos dobrando os joelhos às
invasões de fora,
rasgando a história, que legou a crença...
Não
deixem morrer a nossa cultura,
que
é seiva tão pura, com cheiro de chão;
façamos dos palcos, as nossas tribunas,
gritando protestos às tropas reiúnas
que
infestam os costumes do nosso rincão.
Que
todo o xucrismo da nossa poesia
entoe cantigas de um novo alvorecer,
pra
que meus olhos, nublados pelo tempo,
possam ainda ver, guapiando tentos,
a
bravura da pampa renascer.
Que
diacho! A injustiça campeia na
pampa
e
há outra neblina cobrindo os olhos dos
nossos iguais;
Estão
nos roubando e ninguém se
levanta!
Estão
acabando com nossas raízes,
estão nos trocando por outros matizes,
não
deixem que matem os nossos
ideais!