ESTRADAS DE VIDA E TEMPO
Sebastião T. Correa
I
Me perco, as vezes, contemplando a estrada
Que se prolonga ao rumo do
infinito;
Atrás, há um rastro de ilusão
passada,
Á frente, os sonhos de viver
bonito.
Há um horizonte que se perde à vista.
Uma conquista, talvez
impossível,
Por mais que, às vezes, a
luta persista.
Sempre há um espaço para o
inevitável.
E quem, solito,
a estradear se solta,
Talvez se perca e não
encontre a volta
Porque essa estrada nunca
cheda ao fim.
E eu que persigo os sonhos
nas distâncias.
Vou, a lo largo, repontando as ânsias,
Que se entropilham
ao redor de mim.
II
Chego a pensar que as
encruzilhadas
São quem definem os nossos
destinos.
Não sei porque,
mas sempre escolho estradas,
Onde transitam,
só teatinos.
Encontro alguém, que trazem
no semblante,
Marcas profundas de
desilusão;
Almas sofridas, com destino
errante,
E o amor ausente no seu
coração.
Existem outros, de sorriso
aberto,
Que embora vaguem por caminho
incerto,
Jamais se entregam pra
adversidade.
São os centauros, meio potro
e gente,
Pra quem o mundo sempre é
diferente
E não tem preço a sua
liberdade.
III
Há os que enveredam por
estradas tortas
Onde o abismo é o fim da
jornada,
Só ilusão e esperanças mortas
Vivem os sonhos de quem busca
o nada.
Então pergunto-
Por que estrada eu sigo
Na encruzilhada que me surge
à frente?
Já sinto o tempo a caminhar
comigo,
Seguindo, aos poucos, no rumo
do poente,
O que eu não quero é ver
chegar o fim,
E ouvir o tempo a gargalhar
de mim
Por ter seguido a direção
errada.
Não porque a vida já me fez
covarde,
Mas chega um dia em que se
torna tarde
O recomeço de uma nova
estrada.