DE IDEAIS DE LIBERDADE
Sebastião Teixeira Corrêa
Alma estradeira, de
horizontes largos,
Sina de andante, por caminhos
vagos,
Sem pressa ou rumo, pois não
tem encargos,
E esse destino de tropear
afagos
Os sóis de brasa, retemperam as ânsias,
E as geadas grandes,
fortalecem o cerno,
Malgrado, a sorte de engolir
distâncias,
Entre os verões ou no rigor
do inverno
Nas noites grandes, quando a
lua cheia
Por entre as dobras dos
cerros, bombeia
Qual china vergem, boliçando os seios,
Ouvem-se as coplas, no assoviar solito,
Porque a lembrança de um amor
proscrito
Teima em voltar, pra
reascender anseios
E este estradear,
no vai-e-vem das horas,
É a própria essência da
filosofia,
Timbrar milongas,
retinindo esporas,
Cantar com os galos, pra
anunciar o dia
O tempo é eterno para os “sem-destino”
Pois não tem pressa quem não
quer chegar,
Quem neste mundo tem viver teatino
Só não tem tempo pra se
aquerenciar
Há sempre um céu prá se contar estrêlas,
E no silêncio tentar
compreendê-las,
Pois também vivem a estradear distante,
Se no infinito piscam seus
luzeiros
É porque têm a sina dos
braseiros
De aquecer o coração do
andante
Entre os gaudérios,
de viver sem norte
A semelhança vem da
liberdade,
Não há alambrado, por mais
firme e forte
Que os aprisione, contra sua vontade
Quem cresce livre, tem ideais
libertos
Não se sujeita a se amansar
de arreio,
Nem busca atalhos, mas
caminhos certos
E a sua honra é seu maior
esteio
Sempre existiu a sempre
existirá
Os andarengos,
pelos “Deus-dará”
Os sonhadores deste “mundo-a-fora”,
Desses que vivem pelos “sobre-lombos”,
Que a cada pealo e, no calor dos tombos
Levanta e segue... retinindo a espora.