DAS MARIAS DO MEU TEMPO
Sebastião Teixeira Correa
Há um
momento em que o passado,
Por mais que esteja distante,
Parece voltar, num upa,
Cavalgando um pensamento;
Hoje olhei pa os meus rastros
Que se perderam à distância,
E fui encontrar lembranças
Das Marias do meu tempo.
Essas prendinhas trigueiras
Com vestidinhos de
Essas Carinhas brejeiras,
Iguais às
De um campo de”mal-me-quer”,
Brincando alegres, faceiras,
Malgrado, a sorte das lidas,
Desabrochando pra vida,
Num
projeto de mulher.
Essas mocinhas travessas,
Que a mãe espera que cresçam
Pra casar com um bom rapaz;
Que novas, já são prendadas,
E à espera dos namorados,
Alinhavam seus bordados,
Nos sonhos dos enxovais.
Crescidas, moças de fato,
Donas de casa, parceiras,
Confidentes, companheiras,
Pras horas dos desenganos;
Mães, que ao dormir das
crianças,
Lembraram canções, que na infância
Ninaram bruxas de pano.
Chinocas de porte
altivo,
Entrincheiradas nos ranchos,
Comandando outras batalhas
De bóias, roupas, terreiros;
No domínio dos potreiros,
Em campo aberto ou mangueiras,
Amanunciando tambeiras,
Nos apartes dos terneiros.
Essas Marias de outrora,
Guapiando sóis sobre os ombros,
Reerguendo dos escombros,
As estâncias, nas batalhas;
Dos colchões feitos de palhas
Aos trançados pros arreios,
Bruacas e cestos cheios,
Erguidos sobre as cangalhas.
Quem não conhece as histórias
Das Marias vivandeiras,
Acompanhando as fileiras
Na guerra do Paraguai:
Maria Curupaiti,
Periquita, Florisbela,
A pampa Verde/Amarela
De um tributo de glória,
Que não se apague a memória
E
os feitos dessas “mazuelas”.
As
Morriam por seus soldados,
Ou matavam, se tombados
Vissem seus homens morrendo,
Mas, ninguém fica sabendo,
Desses atos de heroísmo;
Quem sabe, um dia, o civismo
Trace um reconhecimento,
Pelas leis do parlamento,
E por honra do gauchismo.
Hoje, as
Porque os tempos também são,
Houve grande revolução
Nas ciências e nas artes;
Já não se vê nos apartes
A mesma fibra e tenência,
E o primor da irreverência,
Com que o gaúcho peleava,
E o fulgor com que enfrentava,
Os
algozes da querência.
Há uma guerra silenciosa
Esvaziando as invernadas,
As fileiras dormem em lonas
No corredor das estradas,
Onde as
Capinam as magoas plantadas,
Porque o
Loteado em capitanías,
É tanto pros latifúndios
E
tão pouco pras
Me dói , ao ver pelas vilas,
As
Catando vãs esperanças,
De um tempo que não vem
mais;
A vida ficou pra
trás,
E o rancherio é seu mundo,
Onde o desgosto é profundo,
E
as
Mas, creio em Deus das alturas,
E na Maria do céu,
Que há de cobrir com seu véu,
Essas Marias sofridas;
Há de curar-lhe as feridas,
Há de mandar uma luz
À mente de cada uma,
Marcando as
Com o sinal da