COM PENA DO RIO

Sebastião T. Correa

 

Olhei o rio, com tristeza,

ao ver as águas tão turvas,

E um pouco de natureza,

morrendo nas suas curvas...

Quem diria, que algum dia,

esse rio já foi bonito;

Tinha um azul de poesia,

mais lindo do que o infinito!

 

Tinha peixes, que nadavam;

crianças, que se banhavam,

Tinha vida no seu leito,

Mas o homem, por maldoso,

por covarde e ganancioso.

Quis o rio em seu proveito.

 

-Despejou toda a sujeira:

lixo, esgoto e veneno.

Desde a foz, à cabeceira...

E o rio mostrou-se pequeno,

-Pôs entulho nas barrancas...

Cortou a mata que havia;

-Abriu dos tanques as trancas...

Matou tudo o que podia;

 

Contaminou todas as águas... 

Descarregou suas mágoas

Nas correntezas do rio.

Foi barbárie... Foi violência...

Foi a falta de consciência

Do ser humano, vazio.

 

Agora, que já é tarde,

que o rio está poluído.

Muita gente faz alarde,

querendo tirar partido,

Se faz discursos, campanhas,

promessas e “patacuadas”,

Mas chora o rio, nas entranhas

das águas contidas.

 

Deposita-se esperanças,

na consciência das crianças,

Que’ inda haverão de salvá-lo...

Lava as mãos a autoridade,

porque nunca, na verdade,

Foi capaz de respeitá-lo.

 

Se faz, às pressas, projetos

de orçamentos milionários.

Cria-se leis e decretos,

com intuitos mercenários.

Se busca financiamentos 

na esfera internacional;

Mas, vergonha e sentimentos,

esbarram no capital.

 

Porém, um dia... é certeza

a lei da natureza,

Nos pondo contra a parede,

Então virá o momento

de dor e arrependimento,

Na hora da extrema sede!!!