Carta aberta a um Magistrado
Sebastião
Teixeira Corrêa
Meritíssimo Juiz
Peço vênia neste instante,
Porque reputo importante fazer a observação;
Eu não tenho a pretensão de contestar a justiça,
E, tampouco, é insubmissa a postura que detenho.
Quero dizer-lhe a que venho,
Baseado numa premissa:
- A lei existe pra todos –
É um princípio de Direito.
A essência desse conceito é a Carta que determina;
E, se a ninguém descrimina, pressupõe-se a
igualdade
Impondo pra sociedade difusas obrigações:
- Normas, valores, padrões e noções de liberdade.
É aí que me refiro,
Como um gaúcho liberto,
Que campeia o rumo certo nas normas do proceder;
Quanto mais procuro crer nos homens de idéia pura,
Mais eu enxergo a figura e imagem do traidor
Que trapaceou o Criador e esqueceu que é criatura.
Não que eu veja só maldade,
Também não generalizo.
Nem me cabe fazer juízo dos erros da humanidade;
Mas, me inquieta, na verdade, as diferenças que
existem:
Alguns que a luta persistem, sem nunca terem
regalo,
Servem de burro e cavalo, que à dura lida resistem.
Outros, que têm privilégio,
Herdados pela influência,
E, jamais por competência, que não é pré-requisito;
Porque o sistema, esquisito, consegue dar garantia
Aqueles que “mais valia”
lhes foi sempre generosa,
E a sorte se pôs viçosa pra tantos “sem serventia”.
Se fala em função social
Do trabalho e propriedade,
Querendo que a sociedade se considere mais justa;
Mas, quem tem visão, se assusta das regras que são
impostas:
( - Tem quem gosta, se não gosta! – Tem quem queira, se não queiras!),
E o povo forma fileiras, e o poder... vira-lhe as costas...
A estória dos Três Poderes:
- Harmonia e independência –
O que existe é conivência entre a classe dominante,
Onde a barganha é constante e, todos se garantindo,
( Enquanto o povo dormindo no esplendor da boa fé ).
Esta terra de Sepé vai
aos poucos se esvaindo.
Data Vênia, Meritíssimo!
Hoje busco explicação.
A nossa constituição traz por lema a garantia
De escola e de moradia, de saúde e segurança;
Prioridade à criança, atendimento ao idoso.
Será que é muito custoso
alguma luz de esperança?
Abaixo os oligopólios
E a formação de cartéis,
Embrólios e “menestréis”, e o vil corporativismo.
Avante a honra, o civismo, cidadania e respeito!
Pois se não há outro jeito, que se organize um
levante!
Que o próprio povo garante de corrigir o defeito.
Que o seu poder, Meritíssimo,
Desperte da letargia.
Se imponha, com fidalguia, na interpretação das
leis;
Não pra amparar suas greis, nem garantindo
salários,
Mas, punindo os salafrários, e promovendo a
equidade,
Pra livrar a sociedade da gana dos mercenários.
Esta Pátria campechana,
Conquista à espada e lança,
Nasceu pra ter pujança, ser esteio e referência;
Foi chamada de querência por puro patriotismo!
Com a alma e com telurismo,
não se limita em fronteiras,
E se irmana nas bandeiras com brasões de gauchismo.
Por fim, então peticiono,
A alta Magistratura,
Que, ao se lavrar a escritura do pampeano chão sagrado,
Não haja um deserdado, na vastidão, que é imensa!
Independente de crença, de posição e de cor,
- Que use a pena do amor, para assinar a sentença!