LADRÃO DE
FELICIDADE
Salvador Lamberty
Num
paraíso de sonhos
Marlene
e José se amavam
Toda
vez que se encontravam
Juravam
eterno amor
Mas
o destino traidor
Cruel,
amargo e atrevido,
Jogou
seus sonhos floridos
Numa
cascata de dor.
Marlene,
uma moça rica,
Um
futuro tão brilhante
O
seu olhar fascinante
Tornava
a mais preferida
Por
todos era querida,
Era
meiga e tão formosa,
Como
o florar de uma rosa
Na
primavera da vida.
Enquanto
José era pobre,
Vivia
do seu trabalho.
Era
uma gota de orvalho
No
jardim da humanidade
Com
tanta honestidade,
Fibra,
ardor e respeito,
Tinha
um coração no peito
Feito
de amor e bondade.
Num
lapso de muitos dias
Ele
foi correspondido,
Era
um romance escondido
Mas
tão cheio de pureza.
Naquela
estranha beleza
Pelo
amor que então sentia.
Esqueceu
tudo o que tinha
Para
enfrentar a pobreza.
Até
que um dia Marlene
Foi
chamada por seu Pai:
Minha
filha você vai
Contar
tudo o que se passa
Não
quero que uma desgraça
Venha
nos trazer tristeza.
Conte
tudo com franqueza
Deixe
de fazer trapaça.
Marlene
baixou os olhos
Lágrimas
pelo seu rosto:
De
joelhos peço perdão.
Eu
sei que a tua intenção
E
que eu viva pros estudos,
Mas
eu amo acima de tudo
São ordens do coração."
Houve
um olhar em silêncio
Como
um sinal de revolta:
“- Eu prefiro vê-la morta
Deitada
sobre um caixão
Frente
a uma multidão
Rodeada
de quatro velas,
Prefiro
nunca mais vê-la
Se casar com aquele peão."
Foi
como se um temporal
Desmoronasse
um castelo.
Um
coração tão singelo
Pra
suportar tanta dor
"- Se na vida só há um amor
E
me roubam a liberdade,
Um
mundo de crueldades
Para mim não tem valor."
Quando
foi tarde da noite
Ao
seu amado dizer
A
sua infelicidade
E
envolvidos pela maldade,
Num
olhar temo e sereno
Por
um copo de veneno
Partiram
para eternidade.
No
outro dia a alvorada
Era
um painel de tristezas.
Enlutou-se
a natureza
Quando
foram encontrados,
Estavam
bem abraçados
E
inertes sobre o chão,
Ela
trazia entre as mãos
Num
bilhete este recado:
“- Papai, teu desejo foi feito,
Podes
me ver sobre a mesa
Não
lamentes de tristeza,
Nem
chores a infelicidade.
Fiques
com tua vaidade,
Teu
orgulho amaldiçoado
E o
remorso de ter me roubado
A
vida e a felicidade.
Diga
à mamãe que lá do céu
Eu
vou sentir a falta dela.
Entregues
um beijo a ela
E
diz pra me perdoar.
Talvez
ela vá chorar
Pois
parto sem dizer nada,
Já
que aqui não tem morada
Pra quem aprendeu a amar.”
Este
foi mais um romance
Que
o tal destino exauriu.
Duas
flores que pelo frio
Secaram
ao rigor do vento.
Com
linhas de pensamento
Formou-se
um livro de ensinos,
Escrito
pelo destino,
Com
letras de sofrimento.
Que
isso sirva de exemplo
A
muitos pais de família,
Que
fazem de suas filhas
Objetos
de ambição.
Essa
dramática lição
Mostra
ao povo interesseiro.
Que
o orgulho e o dinheiro
Não
mandam no coração.