PRELÚDIO DE UM TEMPORAL
Pedro Darci de Oliveira
Um fim de
tarde cinzenta
prenunciava mau agoro,
em relâmpago, um estouro,
a momentânea cegueira,
O céu cobriu-se de poeira
se formava um temporal,
fazendo que o pastiçal
esvoaçasse a cabeleira.
As nuvens num trote forte
seguiam do Sul pro Norte
como ter pressa em chegar.
Coisa feia...
Atrás das nuvens, do vento,
como dois ferros cruzando,
igual dois bravos peleando
riscou de luz céu a fora.
tiniram muitas esporas...
ecoaram aos quatro cantos,
depois desce o negro manto
da escuridão que apavora.
O poncho negro da noite
qual uma imensa mortalha,
cobre os gritos de batalha
no imaginário do pampa.
Como entrechoques de guampas
na disputa de um saleiro
se alvorotam os salseiros
como um clarim de garganta.
E em meus dedos os arpejos
de um dedilhar de guitarra
Voltiando o fogo de chão
o silêncio é quase mudo,
só o relincho de um crinudo
troveja como um gemido
como se o tempo ferido.
despertasse das canhadas,
lembranças de almas penadas
na angústia de ter partido.
Bato as cinzas de um tição
no9 velho fogo campeiro.
E a noite segue tropeando
no lombo do minuano,
assustador e aragano
se entrelaçando nas sombras,
encrespa os lagos com ondas
e silencia os pantanais
qual cantigas funerais
da morte fazendo a ronda.
Surge uma nova manhã
despertando novos sonhos.
Mescla o capim verde escuro
um tapete de erva verde
como a desenhar um pala
na hora da despedida.
E uma réstia de sol parida
por entre galhos da buva
Montavam pingos de chuva
na pitangueira florida.