PAJADA Á MORTE DE UM POETA
Paulo de Freitas Mendonça
Quando morre um poeta
Ficam seus versos escritos
E muitos temas bonitos
Na poesia incompleta
Acalma-se um'alma inquieta
Na busca de inspirações
E suas belas canções
Pelo Pago estribilham
Com lágrimas que fervilham
Caídas sobre os tições
Quando morre um poeta
Muitos recitam seus versos
Outros gritam no Universo
O fim de sua cancha reta.
Dão a notícia completa
A dor e o suor da lida
Mexem na sua ferida
Contam sua desilusão
E fingem dar-lhe atenção
Que não lhe deram na vida
Quando morre um poeta
Cala uma voz criativa
Sua poesia nativa
É abortada ou se embreta.
É num vazio que se aquieta,
Pelo silêncio engolida
Morre antes de ter vida
Numa folha de papel
Como a Torre de Babel
É por Deus interrompida
Quando morre um poeta
Entre o choro, há poesia,
O coração se esvazia
De uma platéia seleta
E uma cantiga discreta
Entre soluço e saudade
Apaga a claridade
De um ser iluminado
Que por Deus foi batizado
Com poesias de verdade
Quando morre um poeta
O sonho meio se ofusca
E a realidade rebusca
Outro rumo em sua seta.
Impõe a vida concreta
Sem vazão pras ilusões,
E quer transformar canções
Em coisas imagináveis
Tenta tornar vulneráveis
As loucas inspirações.
Quando morre um poeta
Ficam órfãos seus poema
Improdutivos seus temas
E inalcansável sua meta.
Fica uma obra incompleta
Nas gavetas reviradas,
Junto as frases rabiscados,
Imagens de um sonhador.
Fica calado um cantor
Por canções inacabadas
Quando morre um poeta
A poesia entristece,
A rima feia padece
Por ter ficado incorreta,
E a poesia indiscreta
Prefere ser esquecida
Por ter sido concebida
Num momento de euforia,
Embora seja poesia
Que jamais fora relida.
Quando morre um poeta
Há mais brilho nas estrelas
Mais calor para aquecê-las,
E as noites ficam mais quieta
Cheias de rimas secretas
De sonhos e fantasias
Transformando as poesias
Em tão garboso matiz
E o Céu se faz mais feliz
Por sorver sua energia.