Disse Jayme Caetano
Paulo de
Freitas Mendonça
Lembro Dom
Jayme Caetano,
o pajador
missioneiro,
como um
pajé feiticeiro
do xucro
verso pampeano.
Quando
esteve neste plano,
disse ao
Pago muito bem:
“Às vezes
quem nada tem
é aquele
que melhor vive,
quantas
fortunas eu tive
sem nunca
ter um vintém.”
Menestrél
iluminado,
do nosso
tempo, um Homero,
que teve
um cantar sincero
do
presente e do passado.
Disse que
o Patrão sagrado
em sua
sabedoria
“deu o
canto e a melodia
para os
pássaros e os ventos
pra que
fossem complementos
do que
chamamos poesia”
Fez um
relato preciso,
em sua
crioula leitura,
que Deus
fez criatura
que
expulsou do paraíso.
Arrematou
d’improviso
com este
verso bonito:
“O homem
nasce de um grito
e a morte
é tão silenciosa
na passagem
misteriosa
que apaga
nosso infinito”
Poeta e
pajador,
o crioulo
das missões,
fazia
interpretações
do gaúcho
campeador
desde o de
fino teor
ao taura
da casca grossa:
“Que
bárbara a a raça nossa,
vejo-quando
examino,
as origens
do teatino
que o chimarrão
não adoça”
De-a-cavalo
na experiência
que lhe
forjou a estatura
num
manancial de cultura,
interrogando
a existência,
E por ter
buena consciência,
disse com
sinceridade:
“Aprendi
na mocidade
algo que
ninguém me tira,
que não há
meia mentira,
tampouco
meia verdade.”
Por isso
tem a certeza
que nada é
ultrapassado,
porque
tudo está ligado
nas teias
da natureza.
Nos
explica com clareza
a força da
auto-estima:
“Há uma
lei que vem de cima
na estrada
do tapejara:
- o tempo
que nos separa
é o que mais
nos aproxima.”
Eu conheci
este cantor
escreve
Mozart Pereira
quando
abre-lhe a porteira
do
potreiro pro leitor
também
guardo este “honor”;
igualmente
o conheci.
E com ele
eu aprendi
o que o
mundo saberá:
“Por longe
que o homem vá
nunca
fugirá de si”
Há homens
que nascem vento
passam -
passam, ninguém nota
mas os de
bombacha e bota
são feitos
de sentimento.
Por
orgulho ao seu talento
na pajada
e na cantiga
sempre
ouço voz amiga
a alardear
com louvor:
“Que
conheceu um cantor
daqueles da marca antiga.”