PATAQUADAS DE GURI
Osvaldo Machado
Das pataquadas
dos meus tempos de guri
eu nunca mais esqueci
as carreiras a cavalo.
Com o pretexto de visitar meu
padrinho,
me largava bem cedinho,
logo ao cantar do galo.
Ia pescar, numa barranca do
rio,
dia de calor ou frio,
de sol ou de vento Norte.
Eu não ligava,
se era inverno ou verão,
se era chuva ou tempo bom
até arriscava a morte.
Mas de repente o tempo ficava
feio,
minha mãe vinha de reio,
me buscar atrotezito.
Mas não ligava, se eu andasse
acompanhado,
mas eu era acostumado,
a andar sempre solito.
De certa feita o destino era
marcado,
e eu fiquei todo riscado,
num dia de São João.
Pois vou contar, por que foi
que eu apanhei,
foi só porque eu encerrei
um pinto dentro do fogão.
Mas minha gente, eu vou
contar a vocês
qual foi a última vez
que eu andei apanhando.
Foi uma surra, da minha progenitora,
que me bateu com a vassoura,
porque me pegou fumando.
Graças a Deus, hoje não fumo
e não bebo
e a todo instante percebo,
o quanto fui beneficiado.
Tenho saúde, mas a surra eu
não esqueço
e a minha mãe agradeço,
por ela ter me surrado!