ESCOLA CAMPEIRA
Osvaldo Machado
Nasceu na costa de um cerro
bem distante do povoeiro.
Das matas, sentindo o cheiro,
tomando banho de sanga,
vendo os bois puxar a canga
na carreteada mais linda.
Nos seus lábios, sente ainda
a doçura da pitanga.
das tropeadas a cavalo.
Pois já, no cantar do galo
que a peonada vai à lida,
no bate-cascos da partida,
se largava atrotezito
como aprendiz, o piazito
nos corredores da vida.
Desde pequeno, o piá
criou-se de bem com a vida,
prestando atenção na lida
para aprender sempre mais,
amigo do capataz
que lhe ensinava com gosto,
as vezes suava o rosto
mas nunca ficou pra traz.
De certa feita, no inverno,
quando a peonada reuniu,
aquecendo-se do frio,
aquele piá, dizia,
o que ele mais queria,
se o patrão, não se importasse
que com calma, lhe ensinasse
a declamar poesia.
Foi uma estância gaúcha
a sua escola campeira,
e a sua lição primeira
ainda na tenrra idade
foi, não faltar com a verdade
muito-menos, com o respeito
agindo assim, desse
jeito
conservará a amizade.
Foi sua mãe que lhe ensinou
tratar bem seu semelhante.
Dar uma bóia pro andante
quando chegasse no rancho.
Pôr, a panela no gancho
pro feitio do carreteiro
se, por acaso, um tropeiro
se aprochegar de carancho.
Aprendeu montar empelo
nos aporreados da estância.
Pealar, sem medir distância
o mais arisco tambeiro.
Aprendeu ser um tropeiro,
por seu pai foi ensinado
mas pra deixar do pesado
aprendeu a ser gaiteiro.
Mas a tropilha dos anos
lhe ensinou muitas lições.
pois suas composições
são belas e bem
rimadas,
seus versos, não falta nada
toca e canta de improviso
diz que está no paraíso
com sua gaita voz-trocada.
E hoje vive tocando
as lindas canções que traça,
pendurou seu doze braças
troféu, que por nada troca,
em cada marca que toca
sente no peito uns guascassos
mas com a gaita nos braços
esta saudade sufoca.
Já falei da sua escola
descrevi a sua imagem.
Transmiti sua mensagem
contei tudo o que ocorreu,
hoje ele já cresceu
sua história foi assim,
estou falando de mim
pois este piá, sou eu.