cavalos
e homens gaúchos
Pedro
era o nome, recordo
pedra
Pedro, inquebrantável
das
estórias noite adentro
daí
talvez, Pedro quebra,
campeiro
por dinastia
pouca
seca nenhuma queixa
a
fama correndo longe,
a
vida dias iguais
quebrando
queixo de ariscos
por
ofício e competência.
Talvez
ao largo entendesse
entre
tombos e tirões
que
os potros que amanunciava
vinham
de longe no tempo
das
mouras escaramuças
rebeldes
filhos do vento
vinham
dos fletes beduínos
seus
ancestrais no deserto.
Flechas
ágeis, olhos de águia
tormentas
em quatro patas
redesenhando
limites
nos
mapas da Europa e Ásia.
Num
rancho frente pra o leste
na
encosta sul da coxilha
vivera
sonhos, verdades
deslindas
de amor e amadas.
Hoje
em meandros a mente
entende
à sombra do outono
que
a estrada fora empedrada
por
terrunhos vaticínios
convicções,
crenças, credos
como
fora futurado
chamando
Pedro ao que vinha
naquele
ocaso de tarde.
Homem
sem grandes pecados
na
lembrança mais recente
sem
recordar ter negado
uma
vez sequer ao menos
porque
razão ou motivo
herdara
Pedro ao destino
um
viver empedernido
naquele ermo de campo.
Plata
escassa e tão suada
duro laber, lida bruta
gastando
o corpo no arreio
daquelas
fúrias de crinas.
O
tempo, senhor da vida
consome,
refaz, desgasta.
Sobre
pedra ergueu-se um templo
sobre
Pedro pesa o tempo.
Coriscos
voaram sonhos
no
campo largo da ausência,
olhos
ariscos na busca
daquele
que tendo asas
liberou
céus e pandorgas.
Desgarrado
o potro novo
sumiu
campo e tempo afora
virou
nuvem, vento, pó.
Porém
Pedro, mesmo pobre
mas
pedra que não quebrava
vinha
de vales e montes
vinha
do tempo de um templo
mais
consistente que pedra
lembrava
Pedro, e primeiro
que
mesmo tendo negado
três
vezes o próprio mestre
condensou
verbo e razão,
pastor
de almas e homens
se
fez pedra Pedro templo
caminhante,
pregador.
Mas
Pedro, agora, o posteiro
nenhuma
vez, muito verbo
santo
monge pecador
de
templo xucro de estância
no
intermédio das lides
entre
o palheiro e o amargo
põe-se
a cismar e conclui:
“Destino
potro indomável
trovão
que não coube rédeas
pavena
que não se amansa
me
fez pedra, Pedro quebra
peregrino
de domador...”