Sanchuri
Moacir D'Avila Severo
Pala branco encobrindo sesmarias,
Espelho claro, pedaço de céu campeiro,
Onde o vento, pacholento, assovia
Repontando mansas tropas de veleiros.
Sanchuri, mundéu de águas nativas
Que serpenteando levam vida aos arrozais.
Um viveiro de dourados e piavas
E outros tantos que nos rios já não tem mais.
Sanchuri, Sanchuri,
Dos meus tempos de guri,
Anzol de alfinete,
Caniço de sarandi.
Tuas águas sarandeando
Formam
Onde o poeta, escondido atrás da viola,
Espia a Lua que vem nua se banhar.
Sanchuri, dos pôr-de-sóis
da querência
Onde a violência deste mundo se desfaz.
E quando a noite borda de estrelas tuas águas,
Em teu leito o pago adormece em paz.