Os
horizontes se achicam
aos
olhos do campeador.
Aqui...
as barbas de bode
onde
rasteiam perdizes...
Mais
ali - os mata-campos
viçosos
e até bonitos...
Campo
brabo... campo sujo!
Além...
borbulham mistérios
nas
águas do manancial.
Negrinho
do pastoreio:
te
arrumo um naco de fumo,
te
tranço um cabo de freio...
me
empresta um canto de olhar!
Por
onde Deus... a mansinha,
derrubou
a cria nova?
Paciência...
o sol inda é grande.
Pica
um crioulo... bombeia,
e o
pingo - de rédeas solta
vai
rebuscando o capim!
Lambe
a palha... corta as beiras,
enrola
e bate o avio!
“Campo
brabo - campo sujo
reboleiras
de mio-mio...”
Ao
passo - sempre ao passito
de
novo - volta a campear!!
Campeador
- nós todos somos
nós
- os humanos - mortais!!
Sempre
campeando os anais,
da
vida em quadros diversos
na
derrota - no progresso,
no
conforto - na miséria,
nas
horas brabas e sérias
buscando
um ser superior
quando
então - o campeador
campeia
além da matéria!!
Nós
- humanos - insaciáveis
nós
- eternos campeadores
por
vezes destruidores
do
valor do próprio achado,
neste
mundo abarbarado,
carente
de compreensão,
de
afeto - de amor - de união,
de
respeiro, de amizade,
campear
- retrata ansiedade,
em
cada fiapo de chão!!
E
eu - que tenho campeado
na
distância imensurável...
o
abstrato e o palpável
do
equilíbrio emocional,
num
entrechoque bagual
porque
a vida corcoveia
e -
se o índio não peleia,
até
o ar fica pesado
“pois
diz um velho ditado:
só
vive que gineteia!!
Por
vezes campeio ao largo,
sem
rumo - sem sul - sem norte!
As
asas da própria sorte
que
transformou-se em distância.
Trançando
rédeas de ânsia
acabo
sempre enredado
num
corpo bem falquejado...
-
bugra cuia - cor de lei”!
Pois
todo gaúcho é rei,
quando
por elas - rodeado!
E a
vida assim... continua
campeando
coisas estranhas.
Nos
enchendo de artimanhas,
de
venturas - de caprichos!
A
vida - é como um bolicho
onde
uns - buscam sustentos
e
outros... confinamentos
numa
meia de cachaça,
levando
a vida borracha
pra
não lembrar sofrimentos!!
Mas
quem campeia é quem acha
acha
sempre - quem campeia!
Não
se plancha - não se enleia,
não
se piala - não se enreda.
Quando
sofre alguma queda,
conhece
o próprio valor
pois
até Cristo - o Pastor,
andejo
de campo e serra,
transformou-se
aqui na Terra
no
primeiro Campeador!!