MEU PALA DE LÃ AZUL
Marco Pollo Giordani
Meu pala de lã franjado
Xucro aconchego pampeano,
Resguardo onde o minuano
Geme...geme e não bandeia!
Me lembras quando esvoaceias
Uma bandeira gaudéria
Em cujo mastro esta artéria,
Tão inquieta - gaudereia.
Em teu quentume
abraseado
De pura lã de carneiro,
Palmilho o chão missioneiro
Nas rudezas do relento!!
Me trazes - neste acalento
A macanuda
impressão,
De carregar um tição
Dos fogões de acampamento.
Quantas vezes - pala vellho,
Jamais esqueço por certo
Te estendi no campo aberto
Num jeito tão caprichoso!
E aquele corpo mimoso,
Ao luar resplandecia:
E entre soluços dizia;
- oigate...
pala meloso!!
E depois por muito tempo
Tu conservavas o cheiro
Daquele trago campeiro
Que a gente bebe escondido;
Pois tudo o que é proibido
Tem um sabor diferente
Inda mais quando há na gente,
Este amor nunca esquecido!!
Pala velho de valor
Meu abrigo de andarilho...
Nesta estampa de caudilho,
Majestosa e diferente,
Me dás um ar de imponente
E mesmo cá na cidade,
Eu desfilo - com vaidade,
Em altas rodas de gente!!
E um dia - meu pala velho...
Quando meu corpo alquebrado,
Contemplar teu azulado
Já um tanto cheio de rombo,
Serás no último tombo...
Onde a agonia se expande,
- O céu azul do Rio Grande
debruçado nos meus ombros!!