LOS CAUDILHOS
Marco Pollo Giordani
Gumercindo Saraiva
Falqueja a história - teu
nome
À ponta de daga e lança
Heróico
tento - na trança,
Do laço nobre caudilho!
Disse o Rio Grande: - Meu
filho...
Num campeador te farei!
Aprenda bem minha lei:
Espada - poncho e lombilho!
E assim respondeu - Saraiva,
Na voz do mando de antanho
Lonqueando o pampa tamanho
A casco - fogo e pontaço.
Nalgum intervalo escasso
Comia carne e mateava...
Por certo que precisava
Mandar la
cria o cansaço!
Mas só descansou - de fato
Quando uma bala perdida
Mandou-lhe sem despedida
Pra muito longe daqui!
Segundo a história que li
Num dez de agosto até lindo,
Embreteou-se Gumercindo,
Nas grutas de Carovi!
Pinheiro Machado
Audaz – lidador - vaqueano
Tropeiro - caminhador,
Espadachim - Senador,
Do cerne primata - antigo
Impositor, mas amigo,
Republicano vibrante,
Majestoso e arrogante
Na voz - do próprio inimigo!
Cruzaste fronteiras muitas
À testa de teus legais...
Lajeados e pantanais
Que Gumercindo bandeava.
Em Inhanduí
onde estavas,
Viste o Saraiva - de frente
Dois rivais
mas dois valentes
Noventa e três - se
incendiava!
E o velho Pinheiro heróico
De singular trajetória,
Não teve no fim - a glória
De morrer de sangue quente.
Em mãos covardes - dementes,
Caiu o ilustre caudilho,
Vulto de honra e de brilho
Deste País - continente!
Pinheiro Machado - um nome
Mais do que nome - legenda!
Marco de arrancos contendas,
Talha da
audácia saber!
Hás de sempre merecer
Desse teu povo valente,
Este afeto de quem sente
Quem não se pode esquecer!
Flores da Cunha
Flores da Cunha - El Cid.
Violento – emotivo - amável,
No itinerário insaciável
De quem governa e peleia.
Cruza açoriana nas veias
Olhar do leão manhoso,
Coração meticuloso
De quem perdoa e odeia!
Talvez assim - teu retrato,
Abarque os antagonismos
Encastiçando lirismos
Nos penhascos da rudeza;
Assomou a natureza
No teu valor de nascência,
Pra que servisse a Querência
Com lealdade e fraqueza!
Nos impetuosos encontros
Quando o sangue já fervia
Honório Lemos - dizia...
De novo o
Flores se veio;
E pra não ficar tão feio...
Dava de rédea ao beiçudo,
Bufando qual touro aspudo
Por ter perdido o rodeio!
Mas eram assim - Los Caudilhos
E flores - foi maioral,
Por isso - no ritual
Do meu verso asselvajado,
Fico vivendo o passado
Que cá pra nós - foi
sangrento
Coloriando tento a tento
Nosso Rio Grande adorado!
Outros mais e muitos outros
Neste compêndio de maulas;
Velho Firmino de Paula
De lances bravos repleto;
Juca Tigre - Zeca Neto,
Leonel Rocha - o andarilho,
Tinham por catre o lombilho
E o céu do pampa - por teto!
Honório Lemes - Portinho,
Vazulmiro - Paim Filho,
Mais quatro nombres caudilhos
Em vinte tres
- perfilados!
Olho a olho - brado a brado
Situação e rebeldia,
Palmilhando sesmarias
Num tropel de celebrados!!
E foram assim los caudilhos
Estes - outros - muitos mais
Heróicos – xucros - baguais
Peleadores de nascência!
na estóica reminiscência,
Todo o Rio Grande se agita
Depois... tranqüilo
medita
Na paz que reina a Querência!