COPLAS PARA UM HOMEM RURAL
Marco Antônio Dutra
Como a figueira guapa
- enraizada na coxilha -
de porte sóbrio e altivo
Nasce em meio à campanha
- pincelada de matizes -
um homem do meio rural.
Com um jeitão despachado
e pilchas estranhas ao povo.
Trazia nas duras faces,
sulcos de bronze do tempo.
Mapeando o seu caráter
No carão de longos traços.
Na sua estampa de guapo
Um sentimento profundo
Pelas raízes campeiras.
E nas charlas
de galpão,
Naquelas noites de geadas
- com os pés já dentre às
brasas -
Entre um amargo e um gole
Revivia com paciência
As cousas
do seu passado.
E quando o sol encoxilhado,
Mostrava o seu carão,
Já o encontrava de pé,
Batendo um tição de angico
Para empeçar
labaredas
Formando rendas vermelhas
Pra o musical das cambonas.
Sorvendo um mate solito
frente ao bailar das centelhas,
os pensamentos voavam...
Como um casal de Tajãs
enrodilhando os ares
para um outro parador.
E lá do fundo da alma,
uma pergunta lhe veio
a despertar atenção.
Será sina de um campeiro
Cruzar pela vida a fora
sem embretar um cambicho?
Pois até o forneiro
ao empeçar seu rancho
tem a parceira a seu lado.
Bueno, já é hora.
-
e no ronco da cuia
que despertava o campeiro
das viagens de sonhos -
Gritava o tio Freitas,
capataz da estância,
"De a
cavalo indiada!"
Era o alarido festivo
de um amanhecer na estância.
Retratava aqueles homens
Embuçalando os beiçudos,
cinchando as garras
no lombo,
lonqueando um
quarto de chibo
em riba do pai-de-fogo.
Ao chegar da Primavera
- no repontar de setembro -
Os campos se abriram em
flores
exalando um perfume mágico
para abraçar a estação.
Porém, em meio a esta magia!
No mangueirão da figueira
uma tropilha de baios
já esperava o buçal.
" Cavalos e Domadores",
para um confronto brutal.
Porém, esse homem campeiro
Com pilchas
no meio rural
Veio forçando a si mesmo
pelas intempéries da vida.
Cruzando por muitos invernos
Para
arranchar-se no céu"