AMIGOS QUE TENHO
Marco Antônio Dutra
Iniciamos esta noite
Recitando Campos e Pingos
Pra homenagear este campeiro
Que tem por nome Domingos.
Prosseguindo esta noitada
A brotar versos xucros e novo
Pra um homem de ofício
Campeiro
Que chamamos tio Antônio.
Os parceiros se perfilam
Como moirões de alambrados
Para escutar versos rimados
Que trago dentro do tino
E homenagear o alambrador
Que traz por marca Altivo.
A noite já vai alta
E a tempo a Boieira luziu
E os poetas arrancam versos
Das entranhas deste chão
Pra saudar o amigo Argeu
Tropeiro desse rincão.
Trago versos de improviso
Nesta mala de garupa,
Pra saudar homens ausentes
Como um marco do passado
Um era o tio Reinaldo
E o outro o vô Zé Rosa.
E desta cepa manancial
Que brota da seiva do chão,
Crioulo de Caçapava,
E morada? No céu aberto.
Aníbal era sua marca,
E campeiro o seu Galão.
Por certo irmanam vozes
Da memória dos poetas
E declamadores de lei
A enaltecer esta raça
Que segue viva nos pampas
No seu ofício bagual,
Mas também nos corredores
De um povoado e luzeiros,
Onde vive um campeiro
Sem campos pra cavalgar.
E nesse oratório de versos
Peço ao nosso Patrão Maior
Que mande bênçãos do céu
A esses homens campeiros
Pois nos campos ou aqui no
luzeiro
Estão sempre de pingo alçado
Para trazer o passado
A cabresto pro presente
E mostrar para essa gente
O amor pelo Rio Grande.