Uma Prenda Chamada Anita
Mano Terra

 

E lá se vem prendinha Ana,

filha do Bento Ribeiro.

Ribeiro da Silva, tropeiro,

que veio da banda serrana

pra junto da orla praiana.

É conhecido por Bentão

entre Laguna e Tubarão.
Casado com “sia  Maria
dos Antunes, montou “famía
na honra e na religião.

Ana, Maria, de Jesus, Ribeiro:
Ana, nome da avó de Cristo;
Maria, sua mãe. Por isto,

meu bom companheiro,

le digo bem firme e ligeiro,
e até faço o “sinal da cruz”

com tantos tocaios de luz,
com tantos nomes de peso,
não podia andar a esmo

a tocaia do próprio Jesus!

Depois, Ana chamou-se Anita,

mulher, soldado e mestre,

ao lado do seu Giuseppe

Por ironia da escrita,

o seu destino palpita
entre nomes de nossa fé

E agora surge o José,

Pai do Cristo-Feito-Homem.

E Ana emprestou seu nome

e botou a nossa honra de pé.

Aninha teve o destino

do rio, do mar e da terra.
Teve apelo de paz e guerra

e peraltices de menino,

sem perder seu jeito fino,

valente e predestinado

De julho, veio a Juliana

República que teve Ana

Como mulher e soldado.

 

Pois é, “sô” tropeiro Bentão...
E quem diria, “sai” Maria ...
Esta pirralha! Quem diria...

A cabloquinha do grotão
fez todo esse barulhão!

Pequenina na estatura
grandimensa na bravura
e heroína de dois mundos
Aninha é exemplo fecundo

de coragem e formosura

Enfrentou inimigos, ousou.
Tomou decisões arriscadas.
Foi valente e arrojada.

Teve paixão, muito amou.
Não teve paz. Lutou. Guerreou.

E agora é dignificada!
Uma jovem muito aplicada

á tarefa libertadora,

foi a grande precursora

da mulher emancipada.

 

Levou, na sua trajetória,

a marca catarinense

E seu povo se convence
que ela cobriu de glória

É o único vulto da História

Deste povo brasileiro,

A ter monumento estrangeiro
Essa é a nossa Aninha do Bentão,
orgulho da nossa Nação,
a Ana Maria de Jesus Ribeiro!