PÁTRIA DO SUL

        Mano Terra

Eu tenho uma Pátria que é minha,
guiada por cinco estrelas
que não me canso de vê-las
formando o Cruzeiro do Sul.
Minha Pátria verde e azul,
tem como diferenças
ser mais humana e cristã.

No chimarrão da manhã
e na tertúlia ao pé-do-fogo,
se ensina respeito e amor.
Do ancestral changador
me vem esse telurismo
e do índio o nativismo,
que canto nesta canção.

Descubro no puxirão
quanto vale a mão amiga.
E que o trabalho é a porta
da dignidade do homem.
Trago já no sobrenome
da minha raça charrua
um pedacinho da lua
e as sete braças do sol.
Unindo a enxada e o anzol,
o laço e o saraquá,
sigo batendo o manguá
e cuidando da bicharada.
Levanto de madrugada
sem hora pra me deitar.

Da Cordilheira até o mar,
escuto este berro de touro.
E cavalgo num pingo mouro
enquanto me crescem os piás.
Maior que a guerra e a paz,
nunca neguei minha raça.

Quanto maior a mordaça,
maior é o tamanho da luta.
E na Pampa absoluta,
minha raiz sepultura,
vou fazendo a semeadura
dessas sementes crioulas.

E por ser da minha escolha,
tenho aqui uma prenda linda,
chinoca de muita virtude.
E se não me falta a saúde,
grito logo a independência
desta sulina querência
chamada Cruzeiro do Sul.