IDENTIDADE
Mano Terra
Que mis primeros
cantares
sean de un buen saludo
a mis hermanos queridos.
Enquanto não for proibido
ter amizade e respeito,
eu me paro abrindo o peito
para cantar gente e terra.
Na parte Sul do hemisfério,
onde a humana convivência
torna o homem mais feliz,
eu canto meu canto-raiz
meio no tom de payada,
meio milonga, meio toada,
meio várzea, meio serra.
Aqui no meu berço natal,
onde o telúrio está no sangue,
cantamos a gente e a terra,
a várzea, o rio, o campo, a serra.
Em cada nova ou velha copla
o atavismo se renova
num permanente ofertório.
Quando estou longe daqui
e me perguntam quem sou,
sinto orgulho em responder
sem precisar recorrer
a inúteis meias verdades.
Revelo mi'a identidade
sem delonga ou palavrório.
Herdei do espanhol o rompante;
herdei do luso a aventura;
desses dois herdei saudade.
Do charrua herdei amizade
pelos cavalos velozes.
E do guarani, a simbiose
de homem, terra e liberdade.
Venho do fundo da história,
quando a Pátria era o nada.
Plantei-me só na geografia
e me fiz ator da porfia.
Derramei o sangue, o suor,
a lágrima e sei do valor,
e do preço d'uma identidade.
Como já dizia Hernández,
ao retratar Martin Fierro,
e como disse Luís Pedro
no seu galponeiro saber:
"soy el gaucho que retruca
valeroso y altanero;
el que saluda al pampero
con el sombrero
en la nuca;
el que peleando s'educa
y apriende a golpe y revés;
el perseguido del juez;
el condenado d'esta tierra,
qu'és el primeiro en la guerra
pa ser último después.
Vem de ally esta vontade
e a tenência redomona,
esta guitarra chorona
o canto, a payada e o verso,
a pátria por universo
e o valor de uma amizade.
Vem daí a identidade
que une homem, terra e liberdade.